A Árvore
Em um vasto campo gramado, afastado da cidade, o vento corria solto, no centro, uma enorme árvore com a copa inteira verde com fitas vermelhas amarradas em seus galhos, um casal de adultos está sentado embaixo da árvore, eles se abraçam e trocam carinhos. Percebe-se um brilho intenso no olhar dos dois.
Ao ver as fitas balançando com o vento, a mulher segura a mão do homem fortemente e pergunta:
- Se lembra de quando vínhamos aqui quando pequenos? Nós corríamos contra o vento para senti-lo na face, de como éramos livres?
O Homem a aconchega em seus braços mais um pouco e responde:
- Como conseguiria esquecer? Lembro-me de cada vez que viemos aqui, mas a descoberta deste nosso lugar, que parece ter sido criado especialmente para nós, foi o melhor dia de minha vida. Primeiro que estava ao seu lado, segundo que foi o único lugar onde conseguíamos escapar das responsabilidades, das preocupações, dos problemas...
- Quando estou aqui, contigo, tudo parece ficar mais calmo, mais alegre, parece que somos jovens novamente, felizes novamente.
- Desde jovem soube que você seria meu grande amor, você foi a única que eu trousse aqui.
- Senti o mesmo na primeira vez que me abraçou.
- Minha vontade era de largar tudo, sair do trabalho, fugir daquela cidade, esquecer de todos os problemas e vir aqui, construir uma casa aqui, a árvore bem no centro da nossa sala e as paredes inteiras de vidro, para sempre admirarmos este paraíso.
- Seria ótimo, mas viveríamos como? Sem trabalho, como conseguiríamos ganhar dinheiro?
- Dinheiro, supostamente, não era para comprar a felicidade, não nascemos para pensar em dinheiro antes de pensar em nossos sonhos.
- Podemos não ter nascido assim, mas foi como o mundo nos fez.
- Eu acho injusto, tanta gente que não sabe nem onde coloca o dinheiro, nem sabe mais com o que gastar e sai fazendo besteira por ai, enquanto nós, um casal apaixonado que só quer um pedacinho de abrigo, temos que nos preocupar com o trabalho, em sacrifícios, com o tempo, com tudo.
- Sempre brincávamos de adultos quando éramos crianças, hoje sabemos que não é nada divertido. Mas este lugar parece trazer aqueles tempos de volta, ainda mais contigo aqui.
A Mulher se levanta e sai correndo pelo gramado, o homem continua sentado sem saber o que acontece, já um pouco afastada dele, desafia:
- Se lembra que você nunca conseguia me pegar? Eu sempre fui a mais veloz.
- Os tempos mudaram querida.
Ele se levanta e os dois voltam a ser crianças numa brincadeira boba de pega-pega, correm contra o vento, em liberdade. O tempo passa e o cansaço de correr atinge o casal, que deita ofegante no gramado e olham o perfeito céu azul com o sol esquentando os corpos.
Um vento bate forte, uma das fitas vermelhas se desprende da árvore e flutua magicamente até o casal, a mulher pega a fita na mão e diz enquanto a enrola no pescoço no homem:
- Trazíamos essas fitas todas as vezes que vínhamos aqui, amarrávamos na árvore simbolizando nosso amor e desejávamos que ele durasse para sempre. Eu acho que está dando certo.
- Sabe, mesmo toda a preocupação com o trabalho, as noites mal dormidas, a pressão das empresas, a agonia da cidade, quando estou com você, tudo parece valer a pena. Parece que poderia viver só de amor, que sou capaz de me alimentar de sentimento, apenas parece. Mas ao mesmo tempo, a realidade diz que não.
- Um dia nós iremos, viveremos sem preocupações, será só nós dois neste lugar maravilhoso. Um casal unido para sempre no paraíso. O dinheiro pode comprar a felicidade, algumas vezes, mas vida, isso só o amor oferece.
O casal se beija, voltam para a árvore e juntos enrolam a fita que escapou e depois outra que levaram para a ocasião.
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