Pesadelo

 

   Uma mulher loira penteia seu cabelo calmamente diante do espelho no quarto, ela está ali já faz dez minutos e não se cansa de pentear o cabelo.
   Uma criatura de forma humana, esquelética e pálida, vestindo uma calça preta e de peito nu, na face uma maquiagem pesada na região dos olhos e cílios longos e negros. Suas mãos são garras compridas que parecem unhas negras. Ele entra no quarto, as luzes começam a apagar e acender sincronizadas, ela não percebe, não sente nada, fica ali parada penteando o cabelo, na sua fixação. Ele se aproxima contorcendo todo o seu corpo e ao chegar perto da moça, a olha pelo reflexo do espelho e diz:
   - Sempre são todas muito bonitas.
   Então ele coloca uma de suas garras no pescoço e a outra na face e rapidamente dá um tranco, a jovem cai morta no chão, ele quebrou o pescoço dela. As luzes se apagam por alguns segundos e quando a luz volta a iluminar o quarto, o corpo da jovem não está mais lá e a criatura está agora, com a mesma escova que a moça usava, penteando seus próprios cabelos e se olhando no espelho, na mesma posição que a jovem estava.
   Em uma caverna, três cruzes estão levantadas e em cada uma delas há uma mulher pendurada por pregos, morta. Uma delas é a moça que penteava os cabelos constantemente. A criatura está sentada em um banquinho, de costas para as cruzes, está com as mãos juntas e joelhos fechados, um forte tique na cabeça fazendo-a virar para o lado esquerdo constantemente atinge a criatura, minutos se passam e ele continua com o tique. Horas se passam e ele continua com o tique, depois de doze horas virando a cabeça para a esquerda, ele a controla e vira uma vez para a direita e depois ajeita a cabeça no centro. Ele olha algo à sua frente fixamente, como se fosse devorar algo. Olhava para uma futura quarta cruz. 
 

 

 

Enquete

Você Gostou do texto "Pesadelo"?

Incomodou muito. (4)
40%

Incomodou mais ou menos. (1)
10%

Incomodou pouco. (1)
10%

Não incomodou. (3)
30%

Não li. (1)
10%

Total de votos: 10

Comentários:

Pesadelo

Pâmela Carvalho | 16/02/2011

Não sei porque, mas este texto me lembrou um que eu li a muito tempo chamado: " Os dois Mistérios" de René Magritte. Já leu? É muito bom! Acho que o suspense me fez recordar.

Novo comentário