Guerra de carnaval

Guerra de carnaval

 

Hoje deveria ser um dia mais alegre para todos que participaram do carnaval 2012, mas um clima ruim paira no ar desta minha cidade que abraça tudo, todos e continua a apanhar.

Passei em frente ao Anhembi, pouco antes do início da apuração, e só se ouvia gritos de uma torcida bem grande. Do outro lado da calçada parei em um portão onde era possível ver o carro que desfilei poucos dias antes, tirei uma foto e segui para casa.

Quando estávamos para descobrir nossa colocação no desfile das campeãs, cenas vergonhosas invadiram a tela. Atos descontrolados de pessoas que competem para ganhar apenas. Carnaval é festa, ou deveria ser, mas para muitos é trabalho e dedicação. Roubar e rasgar as notas dos jurados, depredar a proteção das grades, quebrar objetos de segurança, blocos de concreto e ainda atear fogo em carros alegóricos torna quem mais perdedor? Quebrar coisas que suas próprias mães ajudaram a comprar com o dinheiro de impostos que pagam com tanto sacrifício. Digo mães porque quem faz isso é vagabundo. As cenas de selvageria me chocaram. Mais ainda quando olho em volta e vejo tudo que esta cidade poderia ter se essa agressividade toda fosse transformada em manifestações em prol de coisas que realmente precisamos. Precisamos de carnaval pra festejar, mas só por quatro dias. O resto do ano precisamos dos ônibus que são quebrados nesses atos estúpidos de vandalismo, e os mesmos que quebram seus pés chutando grade de proteção, são os que abarrotam o atendimento público (ruim) dos hospitais.

Quanta energia jogada no lixo. Quanta covardia espalhada pelas ruas. Oportunidades de ganhar campeonatos voltam todos os anos, mas só os humanos devem participar. Monstros precisam ser enjaulados, bem longe.

Hoje deveria ser um dia feliz, todos já sabem quem venceu o carnaval, como será o desfile das campeãs e quem foi rebaixado, mas hoje todos perderam. Todas as escolas perderam a alegria, todas as comunidades estão sem saber o que pensar. A cidade perdeu.

Nós, paulistanos ou não, brasileiros ou não, mas que dividimos está terra, devemos agir para o bem deste lugar que tantos escolheram para viver e que a cada dia detonamos um pouco mais. Essa é a nossa cidade e nós nos tornamos o povo que assusta o mundo com guerra de carnaval.

 

Thais Petranski

 

(foto do carro que desfilamos)