Cinema, amizade, teatro, circo, o palhaço está em todos os lugares!

18/11/2011 17:42

 

Cinema, amizade, teatro, circo, o palhaço está em todos os lugares!

A coluna dessa semana vai começar de um jeito e terminar de outro. Vou explicar. Para falar de um filme, falarei de um curso e pra falar do curso, falarei de uma grande amiga.

Então vou começar pela amiga, pra chegar no curso e depois no filme. É...estou atrapalhada hoje.

Quem nunca teve uma amiga palhaça¿ Sim, todos tem. Mas, a amiga em pauta é palhaça, atrapalhada, ri dela mesma, enfim, para ser amiga no nível que ela é, só poderia ser assim. E somos iguais, isso que nos mantém juntas. Dentre outas atrapalhadas dela, cursos que fiz e até hoje não entendo porque, uma delas foi:

- Lu, vamos fazer um curso de Clown – essa nossa mania de teatro.

- Pam, mas no que consiste esse curso?

- Ah Lu, é um curso para você explorar seu lado engraçado, ridículo.

- Genial, somos muito engraçadas, isso tem tudo a ver com a gente. Fechado!!!

Realmente o curso era isso. Mas descobrimos que somos engraçadas apenas uma para a outra, porque nada do que fazíamos dava efeito. O professor mandava imitar uma foca. A foca de todo mundo era legal e todos riam. Da minha foca o som solitário da gargalhada era da minha amiga.

- Imitem uma anta posando pra Playboy.

Achei o máximo minha amiga naquela situação e morri de rir! Mas só eu gostei disso. O silêncio tomava conta até que a minha gargalhada chamava a atenção dos outros coleguinhas. Um fracasso. Tudo que sempre achávamos que éramos foi por água abaixo naqueles  momentos.

Mas o curso nos ensinou muita coisa boa, até mesmo lidar com a frustração (ok, humor negro). Aprendemos sobre a essência do palhaço. Que na verdade, o palhaço causa riso porque ele é simples, ingênuo. Assim como a arte, ela tem que ser simples para ser arte. Mas o palhaço é a graça natural. É o tropeço inesperado. É o movimento tosco da cabeça quando uma pessoa corre e o cabelo estranho batendo no olho causando uma piscada contínua e ridícula. É aquele tombo inesperado ou aquela pessoa que faz cara sexy e não tem nada de sexy.

E finalizando os três assuntos que estão completamente ligados, falo sobre o filme, que obviamente é “O palhaço”. Campeão em crítica e bilheteria, esse filme realmente merece toda a repercussão que teve na estreia e continua tendo em sua temporada nos cinemas brasileiros.

Acho que o Selton Mello fez diversos cursos de clown e conseguiu absorver toda a essência do palhaço durante todos eles. Coisa que eu e minha amiga não conseguimos. Ou conseguimos em partes. No filme, a pureza do palhaço foi traduzida de forma poética e leve. A magia tomou conta da tela. E essa leveza do palhaço e inocência em sua graça foi transformada em um dos  90 minutos mais prazerosos para mim no que diz respeito a cinema. É impossível não se envolver na trama, não dar risada das palhaçadas banais, não relembrar a infância e uma época em que o circo era a grande atração de todas as cidades, fosse ela São Paulo, grande e populosa, fosse ela uma cidade pequena de praia ou interior. Tempo em que a criança era tratada como criança e o adulto tinha prazer e orgulho em voltar a ser criança. O velho mais ranzinza ria do palhaço.

Vale a pena assistir. Assistir com o coração aberto. Não resista, embarque no clima do filme. Pode ter certeza que, sem exageros, serão momentos de muita satisfação.

 

Luciana Garcia