Esqueça tudo o que sempre soube sobre ser intelectual

03/02/2012 21:55

 

   Acho muito chato quem se auto-intitula intelectual. Sim, porque não tem nada mais inconveniente do que aquela pessoa que critica algum tipo de música, de livro, etc, defendendo que só o que ele faz é bom, é inteligente.

   Exemplo prático. Michel Teló, com Ai se eu te pego. Essa música é uma praga na cabeça de todos nós. Gruda e não sai mais. Eu não gosto de sertanejo, muito menos dessa febre. É meu gosto, gosto de outras coisas. Entretanto, como vou dizer que um cara que teve sua música interpretada em sei lá quantos idiomas (lembro-me que eram mais de 10), não é um cara bom? Pelo menos bom em Marketing é.

   Acredito piamente que o verdadeiro intelectual não é aquele que critica o BBB e coloca em seu Facebook coisas do tipo “Vá ler um livro e desligue a TV na hora do BBB”. Esse cara eu duvido que lê o tal livro. Pior, ele deve assistir Pânico e Zorra Total, que é bem menos intelectual que BBB e bem mais emburrecedor. Aliás, se houver uma campanha no Face para cada programa que acho deprimente, a televisão brasileira ficaria sem opção e entrariam na lista inúmeros deles (nem vou citar nomes de programa se não esse texto será interminável, mas aposto que já pensou pelo menos em 15).

   A verdade é que até o intelectual tem seu momento planta. Aquela hora que você já trabalhou o dia todo, já leu seu livro Cult, já ouviu seu CD do Djavan, já leu as notícias do dia, já programou seu passeio ao museu ou teatro e agora quer ver algo na TV do qual não o faça pensar. Algo bem besta pra ir dormir pensando em nada, com a cabeça fria. Acho válido isso. Se é o BBB que vai lhe proporcionar o momento planta, vai na fé e boa sorte. É válido, e esse programa funciona assim mesmo, fuga dos seus problemas dando risada dos problemas alheios.  Se não gosta, é só mudar de canal e procurar algo Cult, se for ser momento Cult. Ou qualquer outra programação planta que se adapte a você, se o seu momento for o planta.  

   O verdadeiro intelectual é aquele que fuça, procura, aprende. Ele topa fazer um curso de culinária por curiosidade e, se um dia o assunto na roda for comida, ele saberá falar sobre isso.

   Um intelectual de verdade não impõe barreiras. “Eu nunca saberei cantar”. Ele vai procurar a aula de canto pra aprender um pouco daquilo e falará “Eu canto, mas não é o que faço de melhor”.  Ele sabe pelo menos um pouco de tudo. E se não souber,  ele ouve quem está falando para aprender, para saber um pouco mais. Na próxima conversa sobre isso ele já não estará mais sem assunto.

   Não tem nada mais anti-intelectual do que uma pessoa bitolada. Presa em suas próprias verdades e em seus próprios assuntos sem nem ouvir o que o outro tem a dizer. Repare na conversa de dois bitolados, um por viagens e outro por Rock, por exemplo. Um não ouve o outro e vira uma conversa de loucos. Um fala abacaxi e o outro responde banana.

   O fato é que somos uma esponja de conhecimento e devemos tirar proveito disso. Isso faz parte da evolução do ser humano e, caro leitor, há de concordar que não estamos aqui a passeio, né!?

 

Luciana Garcia

Comentários:

Nenhum comentário foi encontrado.

Novo comentário