Tenhamos paciência com o chato

17/02/2012 15:18

 

- Oi Lu, tudo bem? Fiquei sabendo que está com gripe. Está melhor? Como se sente? Precisa de algo?

- Não, Fulana, é só um resfriado. Chá e cama. Amanhã estarei bem e volto ao trabalho.

Uma hora depois:

- Oi Lu. E a gripe? Não quer nada mesmo? Fiquei sabendo que a nova gripe pode até matar, você tem que se cuidar. Eu vou aí levar umas coisas pra você.

- Passa aqui qualquer hora sim, para conversarmos. Mas espera eu sarar pra você não pe....

- Lu, abre a porta. Cheguei! Vamos papear e eu vou cuidar de você

Aí você pensa “eu só queria dormir”.

Acho que todo mundo tem um pouco de chato. Mas é difícil lidar com o chato de verdade. Até porque, quase todos os chatos são bonzinhos. Você quer matar o chato, mas aí olha para ele e tem vontade de abraçar, porque ele é carente.

Vou contar um segredo. Grande parte dos chatos que conheço cospe ao falar. Não sei qual a explicação científica disso. Mas parando para lembrar de todos os que conheço, 100% deles babam no seu braço enquanto contam sobre a viagem de lua de mel.

Ah...o chato gosta de mostrar vídeos de família. Casamento, primeiro ano do filho, primeiro corte de cabelo da filha, primeira comunhão, a viagem pra Europa que ele filmou em detalhes com a nova câmera com tecnologia HD que ele comprou lá. E ele mostra a tal câmera e seus recursos. Chega até a testar para você ver, te filmando durante essa conversa sem que você saiba e colocando na TV logo em seguida, para que você assista e comprove tamanha eficiência do aparelho. Conheço um chato que filmou o encanamento da casa nova da praia. Isso minha gente, ele fazia todos que o visitavam assistir 40 minutos de encanamento. Não contente, ele trocava o filme para mais 40 minutos de instalação elétrica. É mole?

Esses dias, almocei com um chato...ele falava muito. Quando digo muito é tipo crew no nível 5. Falando sem parar, ficando roxo, sem respirar. Estávamos andando pela calçada voltando do restaurante e cheguei ao ponto de abstração. Parei de ouvir. Meu cérebro bloqueou e eu comecei a reparar nas pessoas almoçando na calçada e imaginar que no final da rua haveria uma praia. Tudo para não ouvir o chato. Aos poucos a voz do chato se transformou na professora do desenho do Snoop. Lembram? Ela era alta e não aparecia a cabeça, apenas as pernas com saia e ela não falava palavras completas apenas “bla bla bla bla bla bla”. Eis que o bla bla bla foi ficando longe nas calçadas de Pinheiros e eu torci o pé e caí. Sim, um tombo fenomenal em frente ao restaurante de calçada. Levantei, olhei e o chato continuava a falar. Não viu que eu caí! Eu falei: “Fulano, eu caí” e ouvi um “Ai sério? Então, mas como eu ia dizendo...”.

Mas, tenhamos paciência com o chato. Provavelmente, quando você precisar de alguém, é ele quem estará lá, com certeza, antes mesmo de você pedir. Claro que ele explicará como ele fez para chegar, o que ele falou no trabalho, como foi o dia dele, outros casos de pessoas que passaram por situações semelhantes as suas, etc, etc etc etc.

 

 

Luciana Garcia

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