A Ópera dos Anemoi

A Ópera dos Anemoi

 

A Ópera dos Anemoi 

 

   Esta música que nunca parou de tocar, corre pelos ouvidos e corações de todos em todos os instantes. Conseguem ouví-la? É tão fácil, tão presente, está em todo o lugar, não há como escapar. Os Anemoi estão em toda parte e cantam sem parar. Vindos dos quatro lugares do mundo, se juntam para uma opera sem precedentes. Cantam para o mundo, cantam para você. Filhos de Éolo, são onipresentes. Ventos nunca param de soprar. Para lá e para cá. Numa eterna dança e cantoria.

Se unem entre Urano e Gaia esta noite. Vindo do Oeste, vem aquele que é gentil e calmo, com sua voz suave encanta. Zéfiro chega pra começar o concerto. Com a chegada do Mar, ele inicia. Estende os braços e dá seu sopro. 

"Leve brisa que acalma, desperta o coração, parece beijo enviado por alguém ou a primavera que chega."

Os primeiros balançares do corpo aparecem. Como o próprio sopro. Leves e sutis.

Vindo do Sul, vem aquele que começa um ritmo mais acelerado. Vem para demonstrar e esconder. Nótus chega para acabar com a calmaria. Na companhia das folhas, as fazem voar com seu sopro de nuvens levando seus recados até os lugares mais difíceis da alma. 

"É amor que está no ar, o coração bate forte sem parar, mas que nuvens são essas que vem sem demora?"

O corpo sai do chão dando liberdade e alegria, mas também traz o medo da queda.

Vindo do Leste, vem aquele que começa uma tempestade. Eurus vem acabar com a alegria. Na presença dos raios, sopra mandando para longe o que agrada, os relâmpagos aparecem na turbulência de um furacão.

"O que era bom se foi, raios caem para destruir o fogo do amor." 

 Não há mais controle para os corpos que são presos pelo furacão. A dança pára, o desespero começa.

Vindo do Norte, vem o cruel e temível. Bóreas chega para acabar e dar vida. Com seu sopro gélido e violento, convida a neve para entrar. 

"Nos foi tirado tudo, só resta agora esta enorme tristeza que congela a alma."

Os corpos encobertos de neve, ninguém se move, o local aparenta estar em paz, mas o coração de cada um se contorce até doer. 

Os quatro Anemoi estão juntos, prontos para começar a cantar. Dão as mãos e unem seus sopros para convocar aquele que é dono do coração. Eros vem usando suas asas de anjo, trazendo rosas e cravos para a alegria de todos. Ele também dá um sopro para entrar na cantoria. Cheio de amor e vida, dissipa a neve e acalma o coração. 

"Só outro amor pode curar as mágoas de outro amor"

Os corpos se levantam calmamente, dispostos a ouvir a ópera novamente. Ela recomeça em outro lugar, em um outro dia, em outra hora, mas ela sempre recomeça.

A ópera nunca para, sempre estamos a escutar alguns dos Anemoi.

 

Rafael Sani

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