Coração de Coelho
Muitos, infestadores mundiais, praga. Atraentes, rápidos, desaparecidos. Eu desejaria que um rei tivesse coragem de comer corações de coelhos com seus afiados dentes caninos. Claro que isto é uma metáfora, pois reis não existem mais. Mas corações de coelhos sim.
Coelhos são praga, cada um com seu pequeno coração. Se reproduzem rápido, viciados em sexo. Fácil de compará-los com a ralé da humanidade. De acordo com a lei da oferta e procura, corações de coelhos seriam desprezíveis, fáceis, baratos e sem valor. Exatamente como o coração pequeno dos humanos objeto. Estes humanos que fogem, sem controle do próprio pudor, dizem aproveitar e deixam-se levar pela maré de inconsequências. Exatamente como um coelho correndo livre pela floresta que é abocanhado por um tigre.
Aqueles que ficam, amigos, cães. Verdadeiros e conselheiros. Reis gratos pelo pouco e precioso que lhe é concebido. Estes são os dentes caninos que dilaceram os corações de coelho.
Interessante ver alguém, que roubava os preciosos corações rubis, sem nenhum e nem mesmo o próprio. Quão bom é sentir o vazio que fez outra pessoa ser? Quão bom perder toda sua pomposidade e ser reduzido a nada? Sem valor nenhum.
Reis fazem e cuidam dos corações rubis. Os verdadeiros de valor, poucos e raros. Escondidos nas entranhas de uma terra intocável. Sentimentos reais de Gaia.
Seu coração é de coelho ou um rubi? Nesta metáfora não se conta o que se leva por dentro, conta-se o que se faz por fora. Escolha ser rei ou ser dilacerado pelos seus afiados dentes caninos.
Rafael Sani