Uma tela branca é como começa a vida, como o início de cada criação, de cada ideia. Desenhamos cada linha de acordo com a mente e o sentimento. Dando formas a pensamentos, imagens, projetos e ideias. Vamos desenhando a vida em cinza, sozinhos, em tons mais escuros e mais claros. Pinceis aparecem aos poucos, trazendo cores e dando vida ao nosso quadro, estes são os amigos, família, irmãos, amores que colorem a pintura. Há aqueles pincéis que borram o quadro, são os invejosos, que fazem o mais fácil, na incapacidade de pintar um belo quadro, borram os dos outros.
O que fazer com um quadro borrado? Começar outro? Tudo de novo? Ou fazer daquele borrão uma nova forma, mais bela e colorida? Os pessimistas se dão o trabalho de começar um quadro novo, os otimistas continuam sua pintura e a deixa cada vez mais bela. Com ou sem borrões, continuamos uma tela que não tem volta.
O que acontece quando paramos com a pintura? Quando a inspiração desaparece? Quando começamos a desenhar as mesmas formas repetitivamente no quadro? Fácil, precisamos de apenas mais cores ou mudar o traço, inovar de qualquer maneira. Uma linha nova e diferente, uma cor no lugar errado pode trazer novas visões e assim novas continuidades podemos dar.
Ao longo da vida pintamos diversos quadros, alguns belíssimos, outros nem tão interessantes, apenas uma coisa é certa, nenhuma pintura fica perfeita. Mas um quadro só é terminado ao fim da vida, uma ultima pincelada, uma ultima cor a ser colocada. Um quadro que não se é jogado fora, nem se tira tinta, apenas se coloca. Um quadro que não vai para nenhuma exposição, apenas é lembrado como único. É o quadro da vida, alguns mais coloridos e outros mais acinzentados, mas como toda a pintura, nós temos o poder de decidir os traços e as cores, as formas que fazemos e tudo mais.
A escolha é sempre nossa, muito fácil culpar os outros pelas cores que trazem, mas não é inteligente você querer pintar uma flor de marrom e querer que fique bonito como uma rosa. Alguns dizem que está tudo escrito, as cores podem já estar na aquarela mesmo, mas os traços e as formas, isto nós que decidimos.
Rafael Sani