Multiverso

   Se a verdade fosse gentil, não teríamos tantos mentirosos no mundo, nem tantos sonhadores e muito menos manipuladores sociais. Enfrentar a verdade parece tão fácil quando tudo é palavra, mas são poucos o que colocam a mão na massa. Consideramos a morte a única verdade certa, mas o que podemos dizer sobre a morte se não sabemos ao certo a sua representação?

   Construímos inúmeras verdades e mentiras dentro da sociedade, sejam elas religiosas, políticas e até pessoais, nenhuma tão absoluta e nem tão falsa. A questão é, existe somente uma verdade ou podemos dizer que há diversas delas? Universo ou Multiverso? Egocentricidade ou universalidade?

   Abrindo a mente para as milhares de possibilidades, encontramos caminhos para pensar no novo e no que nos liberta, pois se ficamos presos a um único pensamento, obsessivos por um único caminho, não descobrimos, não percebemos e não voamos.

   A aceitação de novas condições pode ser muito mais difícil do que se parece no início, mas ao perceber os vícios mentais, conseguimos identificar o que devemos deixar ou inovar. Abrir mão de parâmetros e aceitar as mudanças é necessário para a evolução.

   Claro que nem tudo é maravilha, não é porque são possibilidades que sejam reais, temos o poder de escolha, mas nem sempre temos a sabedoria para utilizar deste poder. Escolher dar condições melhores de vidas para a sua família não justifica roubar de quem conseguiu por trabalho, construir uma empresa de sucesso não justifica manipular pessoas e só porque algo te sobra não justifica que você dê menos valor.

   Sabedoria e amor são os melhores caminhos para se tomar e meios para escolher as possibilidades propostas, deixar obsessões e vícios para trás pode sim ajudar a seguir por um caminho mais justo e correto. Com as escolhas certas, podemos mudar os parâmetros e construir juntos um país melhor, e até, futuramente, um mundo melhor.

   Brigar por religião, brigar por nacionalidade, brigar por raça e até por opção sexual é muito pouco quando se trata de problemas em relação a saúde, a educação e até de política. O Negro que você tanto odeia pode achar a cura para a sua doença, o Argentino que você odeia pode te abrigar quando você não tiver mais casa e o gay que você odeia pode criar uma lei que beneficie você e seus filhos.

   Não adianta encarar a verdade com bombas ou extermínio, não adianta pensar que a solução dos problemas é um massacre, muito menos um atentado terrorista. Explosões atômicas não criam paz, apenas trazem o medo.

   Criar possibilidades para o ódio e a guerra não geram amor e nem paz. Dentre tantas verdades, há uma que eu acredito ser mais certa que a própria morte: “Agir com ódio é sempre errado e agir com amor é sempre certo”. 

Rafael Sani