O Discurso do perdedor

O Discurso do perdedor

 

O Discurso do perdedor

 

   Obviamente toda vez que alguém ganha outro perde, mas será esta relação tão seca e simples assim? O quanto realmente se perde e o quanto realmente se ganha? No que se é conhecido como equilíbrio, não podemos nos esquecer do símbolo Yin-yang, mas o que ele poderia nos ajudar a compreender melhor estas relações da vida humana?

   A atitude mais comum de um perdedor é espernear e rastejar atrás do que se perdeu. É negar que perdeu e tentar desesperadamente uma reconciliação da situação e do prêmio. Qualquer outra pessoa vê este estado como deplorável e penoso. Se fazer de vítima é uma atitude infantil e que nunca levou a lugar nenhum.

   A Atitude de um vencedor é naturalmente a exposição do ego, do seu eu mais brilhante que há no momento e isto se demonstra através de sorrisos e agradecimentos.

   No meio de tudo isto vem duas formas diferentes de se perder e vencer. A primeira é o perdedor que sai com postura de vencedor, é o que não esperneia e continua com a cabeça erguida, ele sabe que pode ter perdido a batalha, mas ainda há uma vida inteira para vencer a guerra. A outra atitude é o vencedor que termina com postura de perdedor, que marginaliza o seu ego a ponto de difamar e pisar em cima do(s) perdedor(es), é aquele que você entra em dúvida se era realmente o merecedor de tal prêmio.

   Bom, as cartas do equilíbrio estão lançadas, mas há um porém. Se nos recordarmos do símbolo Yin-yang, há o branco e o preto, traduzimos o branco para a vitória e o preto para a perda. Agora, se levarmos em conta aquela pequena bolinha da cor oposta em cada campo do símbolo, podemos traduzir que mesmo na perda há uma vitória e que em toda a vitória há uma perda. Pequenas, porém existem.

   Ao perder o que ganhamos? O prêmio não é a única coisa que se pode ganhar, pois há a experiência que adquirimos, a visão dos erros que nos dá a possibilidade de uma melhora, outras oportunidades, a aprendizagem de todo o processo e ainda o reconhecimento do outro. Sim, ganhamos bastante coisa, seja da vontade de lutar mais e melhor da próxima vez que outra oportunidade aparecer ou as lembranças dos esforços que enfrentamos. Metaforicamente, em meio a escuridão da perda há sempre um ponto de luz que nos indica um novo caminho.

   Ao vencer o que perdemos? Será estranho de comentar, mas o vencedor nunca aproveita o prêmio como deveria, pois sempre há o pós, um novo obstáculo, outra concorrência, outra luta e a sensação se vencer dá lugar ao medo de perder. O vencedor sabe que a vitória nunca é para sempre e não existem vitoriosos puros. Metaforicamente falando, mesmo cercado pela luz da vitória, a assombração de uma futura perda sempre ronda por perto. Até mesmo, porque o primeiro passo se perder tudo é querer ter tudo.

   Logo podemos concluir que, da mesma forma que a vitória não é permanente, e perda também não. E se ainda traduzirmos estes significados para a vida, quem vence é aquele que agradece todos os dias por viver, mesmo que não seja fácil, mesmo que as coisas estejam nebulosas, mas sorrir no final do dia e ter fé de que o amanhã será melhor do que o presente é atitude de vencedor. É agradecer com m sorriso, é como se terminou e não como começou. Mas quem só reclama da vida é perdedor? Sim, pois assume atitude de tal, reclamar nunca foi a solução para nada, lutar sim. Há uma diferença entre a pessoa que reclama e a que luta, pois a que reclama só sabe ficar sentada, achando defeito em tudo e se fazendo de vítima. A pessoa que luta, ela tem um objetivo, ela não reclama e sabe que tem um árduo caminho a percorrer até conseguir alguma vitória.

   Independente da situação de cada um, dos problemas, das vitorias e das perdas, somos nós mesmos que escolhemos acabar como vitoriosos, sorrindo no final de cada dia, ou terminar como perdedores, reclamando no final de cada dia. 

 

 

Rafael Sani

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