Queimando a voz da razão

Queimando a voz da razão

 

Queimando a voz da razão 
 
A guerra os matou, o soldado da esquerda ateou fogo na criança de dois anos, o black power da negra foi derretido durante a perseguição. A correria não parava na calçada do meio, os estrondos assustavam os vizinhos, enquanto o fogo crescia a guerra expandia por todo continente, tornando cada vez mais presente a separação das etnias, porém quem sofreu na pele foi a mãe e seu filho, queimados enquanto oravam. 
A oração sustentava a esperança de que um dia a  tormenta acabaria, que o seu semelhante passasse a ser de fato o seu reflexo, não algo macabro que lhe metesse medo e espanto. Porém o mundo em qual eles viviam era amaldiçoado; pela ganância e pela necessidade de aniquilação. O campo minado era feito pelos competidores que não toleram competição, os ateadores de fogo costumam a enxergar como obstáculos os mais "fracos" ou seria os bondosos?  
 Assim eles formaram trincheiras, para defender seus ideias, para defender seus... SEUS... Na verdade não existia razão para matar, nem uma conclusão plausível, arrancar duas vidas que ainda estavam no seu início. A simples oração atrapalhavam planos que visavam o monopólio. A partir desse acontecimento pode-se perceber o quanto aquele mundo era dividido.  
A forma de calar a voz da razão é com a aniquilação final, final, brutal, asquerosa e da pior maneira, através da carbonização. O prazer de ver a pele derreter e da voz gritar, não de revolta e sim de dor, agonia. Silenciaram as vozes da mãe e de seu filho, porém não conseguiram silenciar a voz do continente, aquela velha história ainda irá ser contada e utilizada por muitos anos, de que onde há escuridão sempre haverá uma faísca de luz, para manter o equilíbrio no maldito campo minado. 

 

Marcelo Luiz