A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte...

02/09/2011 12:41

A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte... 

 

O  mundo é capitalista. Sim, caro leitor. Podemos fugir disso em algumas situações, mas a cada dia precisamos de mais dinheiro para sobreviver. Entretanto, fazer o que se gosta é fundamental até no mundo capitalista. E aqui, não falo como um clichê “o importante é fazer o que gosta, o dinheiro vem como conseqüência”. O lance é mais pé no chão. O que digo é que temos que aliar o que se gosta com o fato de ganhar dinheiro e viver com o mínimo de dignidade, e para viver com esse mínimo, meu caro, você vai ter que ralar bastante.

Observando o ser humano nesse aspecto, percebo, dentre outros,  três principais tipos:

- Aquele que faz o que gosta, mas o que gosta não dá dinheiro, os hippies felizes.

- Aquele que faz só o que não gosta, mas ganha muito dinheiro, o dinheirista.

- Aqueles que conseguem aliar o que gosta com o dinheiro, o equilibrado.

O hippie feliz é aquele sujeito que só faz o que gosta, mas ele ainda não enxergou que o mundo é capitalista. Então ele exerce suas atividades, não conseguindo aliar com o “ganhar dinheiro com isso”. No caso das mulheres, algumas nem se depilam, para continuar no clima “não tenho dinheiro mesmo, mas sou feliz”. Brincadeiras à parte, esse grupo está mais preocupado com o prazer que aquela atividade lhe proporciona do que com uma carreira em si. O hippie feliz sabe que, se a atividade dele for aliada com horários e chefes, aquilo tudo vai perder uma parcela de graça. Geralmente eles trabalham por conta própria. E eles estão em todas as áreas, quem nunca conheceu um amigo que sonha em ser ator, montou um grupo de teatro e apresenta algumas vezes no ano, geralmente para públicos do lado B...faculdades geralmente são alvo (em minha época de Unicamp esse tipo de programa era de praxe todas as semanas, sim, eu já fui uma quase hippie feliz..e ainda sou nas horas vagas).  Ganham geralmente para sobreviver. Mas também quem não conheceu aquele Engenheiro da Computação que se formou e preferiu trabalhar só com o que gosta dentro da área dele? Trabalha em casa desenvolvendo softwares loucos e jogos que só ele entende a finalidade.

O hippie feliz é o oposto do dinheirista. Esse gosta de natação, mas fez Engenharia Mecatrônica porque após diversas pesquisas em revistas como VOCÊ S.A., ele descobriu que é a profissão em que os salários são maiores no Brasil e no mundo. O cara foi trabalhar em uma montadora de carros, ganha um salário invejável e poderia fazer as viagens que quisesse e ter o lazer que desejasse, pois ele pode pagar tudo isso. Entretanto, ele faz muita hora-extra e não tira férias nunca, pois ele é tão fundamental na empresa que trabalha que sua ausência só pode ser “picada”, ou seja, ele tira férias a cada 2 anos , sendo 5 dias em maio, 10 em junho, 3 em fevereiro e assim vai. Ele chega em casa tarde e não consegue sair com a esposa ou acompanhar o crescimento dos filhos. Filhos esses que não tem a companhia do pai, mas estudam em escolas ótimas, fazem natação, ballet e inglês e já foram 16 vezes pra Disney. Mas o dinheirista, na verdade, nunca tem dinheiro. Porque tudo o que ele ganha, ele gasta com banalidades para se satisfazer e procurar um “porque” de trabalhar tanto. Ele compra carros caros e quando sai, gasta 600 reais numa chopada no Budah Bar. Mas bate no peito e fala “eu trabalho tanto, eu mereço”. Essa categoria de trabalhador, geralmente percebe que a vida passou aos 50 quando ele aposenta. Aí ele continua trabalhando porque foi condicionado a ter o pensamento de “mais dinheiro”. “Nossa me aposentei....agora sim vou poder trocar o carro duas vezes ao ano, vai me sobrar um dinheirinho” ao invés de pensar “trabalhei a vida toda, agora vou aproveitar e viajar e desfrutar um pouco de tudo o que ralei antes da velhice bater e eu não ter pique pra nada disso”.

Chegamos ao equilíbrio. O equilibrado encontrou no que gosta uma forma de ganhar a vida. Ou ainda, encontrou uma segunda atividade, que ele também gosta, mas nem tanto, mas que pode ajudá-lo a fazer o que gosta nas horas vagas. Confuso??? Vou exemplificar. A menina desde seus 7 anos gosta de arte, pintou telas, tocou instrumentos e fez teatro. Mas ela sabe que viver SÓ de arte no Brasil é um pouquinho difícil e poucos conseguem. Ela resolveu fazer faculdade de jornalismo e ralou para conseguir trabalhar na editoria de cultura de um jornal. Então ela visita museus e exposições constantemente e escreve matérias sobre isso. Nas horas vagas ela pinta telas, aos sábados ela faz teatro amador (muito bom...meu lado hippie falando alto) e a cada ano ela inventa um instrumento novo para aprender a tocar. Mas de alguma forma ela garante sua sobrevivência.

O importante de tudo é o planejamento. Sempre quando vamos escolher algo para nossa vida é importante colocarmos a situação na balança e pesar o lado bom e o ruim. A cada escolha, uma renúncia. Temos que fazer o que gostamos, se não seremos infelizes, mas o mínimo de dinheiro e ambição também é fundamental.

Somos colocados em uma sala cheia de portas constantemente. Escolhemos a porta sem saber muito bem onde ela vai dar. Apenas com algumas dicas. Esse é o livre arbítrio. Cabe a nós mesmos escolher a porta, pesar as recompensas e conseqüências e medir os esforços. Mas essa questão é assunto para a semana que vem....

 

           Luciana Garcia

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