O mundo anda tão complicado

19/08/2011 20:44

 “O mundo anda tão complicado, que hoje eu quero fazer tudo por você” – Renato Russo

 

Quem leu o título da coluna de hoje pensou: ai meu Deus, lá vem uma colunista apaixonada falando de amor. Não, hoje falarei de falta de amor. Mas não amor de homem e mulher. Sim de falta de amor ao próximo, competitividade, jogo sujo. Também não é daquelas colunas chatas e moralistas “Ame o próximo como a ti mesmo!!”.

É minha gente, o mundo está difícil. Cada vez mais violento, cada vez mais egoísta, cada vez mais injusto. As pessoas não andam pensando no coletivo e isso é preocupante. Acho muito válido pensar em si. Mas vivemos na coletividade.

O nosso dia a dia é rodeado de perigos. Trabalho em empresa há alguns anos e posso dizer que vivo em uma escolinha de bandidos. Por melhor que seja a equipe, por mais unidos que sejam os funcionários e por melhor que seja seu chefe, meu caro, uma hora ou outra o tapete de alguém será puxado. Por isso que o clima em empresas é pesado.  A competitividade, e falo aqui, daquela competitividade expressa de forma negativa... Porque eu acho que tem casos que competitividade é bom.

Ok, acabou o expediente e vamos para um happy hour com amigos. Percebemos que estamos afim daquele mocinho que nunca nenhuma das meninas da turma olhou duas vezes. Foi só você comentar na roda “Nossa, o Marcelo está bem né. Emagreceu”. Pronto, o Marcelo ganhou a sorte grande!Todas as moças da rodinha atacarão o pobre moço. Por isso que muitos homens dizem que usar aliança ajuda no Marketing Pessoal. E olha que marketing agressivo heim. Tenho amigos que usam aliança porque juram que mais mulheres dão em cima deles com o uso de tal acessório. Soa estranho. Mas não duvido. Além de mulher ser um bicho teimoso (mas essa não é a pauta da coluna), ainda podemos considerar o fato de que lá no fundinho, o instinto do ser humano é competitivo e gosta de desafios, gosta do difícil.

Aí chegamos em casa. Se somos casados e temos filhos, a atenção é disputadíssima. As crianças ficam na escola o dia todo, o maridão trabalhando e você chega exausta, porque além de trabalhadora você tem que ser loira e linda, então, sai do trabalho e gasta uma hora na academia. Quando não está nela, você utiliza essa hora com massagens (linfática, asfaltica, neuraltica, e o raio que o parta), para tentar eliminar a celulite, afinal, a idade chega para todos. Voltando para a casa. Você chega e só pensa em seu “momento vegetal”: tomar banho e assistir o programa mais fútil e sem conteúdo ou apenas fingir que assiste olhando para a TV, quando na verdade, você está olhando muito alem daquela tela, ou seja, pro nada.

Aí chegam as crianças. Um pula no colo a outra gruda na sua perna. E o marido inventando o assunto mais surreal, para puxar papo e atrair a atenção para ele e desbancar as crianças. Ele é mais criança do que seus filhos. Até porque os homens não evoluem muito. Não...não sou feminista na Av. Paulista. Mas reparem, uma rodinha de meninos de 5 anos brinca de empurrar os coleguinhas, chamar de viado e jogar futebol...o de 25 faz o que?e o de 60? Ok, assunto para outra coluna.

Voltamos ao momento “Competição da Família Feliz”, sim, eles competem entre eles. Até que o Joãozinho morde a Mariazinha porque a criaturinha ocupou maior espaço no corpo da mãe. Crescemos na competição.

Mas, chegou o final de semana e você decide ir ao shopping comprar umas roupinhas, afinal, ninguém é de ferro. A competição começa no estacionamento. Já vi até pessoas descendo do carro e esmurrando carro alheio, por ter entrado na vaga em que o outro queria entrar.

Tem horas que falta amor ao próximo até nas operadoras de celulares. E a recíproca é verdadeira, a falta de amor reina por parte do cliente também. Ou vai dizer que não quer matar o telemarketing que liga para você dizendo que você ganhou 34596070 minutos para falar das 2 às 5h da manhã?

Mas tudo isso não poderia ser diferente. Até para nascer somos competitivos. Só vingará um espermatozóide entre milhões deles. Imagino as minhoquinhas lá, uma trapaceando a outra na disputa pelo primeiro lugar na chegada ao óvulo. A competição e a falta de amor ao próximo está embutida no ser humano, antes mesmo de ele ser um ser humano.

 

 

Luciana Garcia

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