Un Cuento de La Muerte

 

   Uma Donzela corria pelos corredores do castelo em lágrimas, seu salto alto arrancava a pele de seus pés, seu vestido agora estava negro e escondia quase seu corpo todo. Gritava apenas para o céu, mas nem na Terra alguém a ouvia, apenas eu conseguia escutá-la, seus gritos eram músicas para meus ouvidos. Suas formas e beleza eram motivos para observá-la cada vez mais. Não me escondia dela porque ela não me via, não ainda.
   Nas redondezas não havia dia, uma eterna noite avançava até o outro lado da floresta que rodeava o castelo, este que antes era iluminada pelo sol constantemente. As luzes das estrelas não apareciam na escuridão do céu, apenas a lua estava presente, ela a lua e eu, fomos os únicos a não abandoná-la. Enquanto a lua curava a pele ensangüentada, eu apenas observava.
   Agora a donzela dormia finalmente, depois de horas que correu e chorou, parecendo estar em busca de algo sem encontrar em lugar algum. Pobre jovem, tão bela e sedutora e estava acabada, no fim. Sem que eu percebesse, deixei cair uma lágrima por ela, enquanto a lua se demonstrava calma e serena, como sempre. Fiquei a olhando despertar, suas profundas marcas nos olhos encantavam, pareciam ressaltar mais ainda sua beleza. Ela respirava profundamente agora, tentando superar a desgraça que lhe ocorrera minutos antes de tudo se tornar noite.
   Foi para o jardim, este belo a luz do sol, agora maravilhoso a luz da lua. Uma leve névoa cobria a terra, deixando seus pés gélidos e sua pele pálida. Sentou-se perto das flores rosas brancas que agora ficavam prateadas com a lua. Colocou seus dedos nos espinhos como se procurasse se furar, tirar uma gota de sangue de si própria. A lua alertou do perigo enviando um vento gélido vindo do oeste forçando-a a entrar no castelo novamente. Fechou as portas e as janelas. Então começou a nevar. Flocos brancos caindo do céu em forma de espiral, enquanto eu admirava tal trabalho da natureza, ela nem ligava, ignorava o presente dos céus.
   Voltou a chorar então, mas desta vez não corria, o fazia sentada em frente a um retrato, este que estava com uma foto em branco, sem ninguém ou algo, sem memória para ser trazida. Podia alguém ultrapassar tais limites da alma que nem eu compreendera? Tinha ido além de trevas e do caos, estava na escuridão mais perfeita da alma, perfeição esta que machucava meu coração negro.
   A deixei chorando e fui para fora do castelo, para a neve, conversei com a lua e ela só me respondia em poemas e enigmas. Seria este meu dever? Minha função mais sombria? Como poderia fazer bem a alguém que transformou tudo em noite? Talvez meu único dom fosse a resposta. Dentro do castelo, nos encontramos nos corredores. Ela me viu pela primeira vez e eu me assustei pela primeira vez. As janelas enormes mostravam a lua e a neve caindo.
   Ela não fez cara de espanto como eu costumo ver, não se moveu, apenas respirou. Eu olhei para a lua, ela também. Não queria! Não poderia fazer tal coisa. Ela me encantava de tal modo que não tinha coragem. Então ela se aproximou e pediu. Desta vez percebi que deixei cair lagrimas e não as conti, com apenas um toque de minha foice em seu coração ela caiu, seu corpo parou no chão, mas sua alma continuou caindo. Foi tão fundo, tão fundo que quando parou viu uma luz. Ela sorriu. Eu sorri. Ela olhou meu manto negro e se despediu.
   Tinha terminado de conhecer alguém que tinha pedido por meu serviço, não tinha desistido ou sido covarde, muito pelo contrario, tinha sido a pessoa mais forte que conheci, e com tamanha força não temeu diante de mim, traçou sua própria escolha e colocou fim naquilo que a incomodava. Foi uma Donzela até o fim. A lua sabia e tinha me contado tudo dentro dos seus enigmas, mas eu que não os percebi. Fomos os únicos a não abandoná-la, fomos os únicos presentes durante a noite interminável... 
 
 

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