Cordas de Harpa

 

 

    Procurando por algo em meio à floresta, uma formosa dama caminhava por dias. Vestido branco, a loira dos olhos azuis não desistia de procurar. Céu sempre nublado, porém nunca chovera na floresta. Árvores grandes e separadas, bloqueavam a pouca luz do sol de penetrar de baixo das copas. Ela então, avistou uma clareira, um espaço sem árvores, cheio de flores amarelas que cobriam o chão. Um pequeno relevo no centro da clareira revelava uma bela Harpa.
    Foi até ela, sentou-se para tocar o formoso instrumento que havia à sua frente, se ajeitou e tomada por impulsos que vieram aos ventos, ela começou a tocar. As primeiras notas foram pesadas e cheias de tristeza, assim continuou por um bom tempo.
    O céu ainda coberto por nuvens carregadas foi perfurado por um raio de luz, um anjinho que viera voando do céu tocando sua lira se juntara a dama na melodia, agora ela passara a tocar com um pouco mais de ânimo. Mais um furo nas nuvens e outro anjinho veio, depois outro e outro. A música ficava cada vez mais alegre e suave a cada anjinho que se unia a ela.
    Ao som de uma Harpa e oito liras, o céu começou a abrir, a luz do sol se revelou e foi tomando pouco a pouco o local. A Harpa brilhava dourado com a luz, o vestido da moça transparecia e as flores amarelas soltavam seu pólen. Os anjinhos voavam pelo céu tomados pela musica alegre. A luz do sol brilhou mais forte do que o normal, um anjo descera de lá, asas compridas e brancas como neve, ele pousou ao lado da moça e a abraçou. A dama continuou a tocar a Harpa.
    Um sorriso apareceu na face da donzela, ela olhou para o céu em forma de
agradecimento, aquele abraço era o que ela tanto procurava, aquele anjo era o que ela tanto amava, aqueles instantes ao seu lado era tudo o que ela precisava. Envolvida pelos seus braços, ela se sentia segura, confortável e amada, felicidade era real e amor puro tomava seu corpo e mente. Sabia que se parasse de tocar o instrumento, o céu se fecharia novamente e ela perderia aquele abraço. Decidiu nunca mais parar, tocaria a Harpa até a sua morte. Foi sua escolha, mas tão simples foi tomar a conseqüência que parecia nada comparado ao tamanho do amor que ela sentira.
    Horas se passaram e ela continuava envolvida pelos braços do anjo, seus dedos estavam avermelhados e com bolhas, cada nota era uma dor intensa, mas parecia nada comparado as prazer daquele abraço. Exausta e faminta, não parava de tocar a harpa, os anjinhos pararam de dançar e tocar para apenas assistir em meio as flores a donzela instrumentista. A música estava mais alegre do que nunca, a floresta parecia estar mais viva do que nunca.
Seus dedos sangravam e o sangue escorria pelas cordas tornando-as escorregadias e mais difíceis de serem tocadas. Tonturas vinham cada vez mais fortes, a fome e sede torturavam,com o vestido já todo sujo, a dama não parava por nada. Os anjinhos choravam ao ver a cena, o anjo continuava a envolvendo em seus braços.
    No seu último respirar, ela olhou para os olhos do anjo, que eram azuis como os dela, e fez sua última nota. A dama morreu. O anjo a pegou nos braços e a levou para o céu voando. Os anjinhos saíram um por um, enquanto o céu voltava a ficar nublado, o último raio de luz se foi e o local voltou a ser o que era antes. A Harpa no centro da clareira esperando pela próxima pessoa para tocá-la.
 

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